Eterno Himeneu

Eterno himeneu

Lizete Abrahão

De verde e aromas veste-se, luxuriante,

A mata que acorda em anseio, pulsa no cio,

Crepita em silêncio, esperando o amante

As folhas abrir e deitar-se em seu vazio

Nervuras pingam em urgências feitas pranto...

Escorrem, pelos troncos, licores pejados

Na espera que o negror noturno, com seu manto,

Cobriu, por ciúme do rei de olhos dourados.

Amante que sabe a donzela e se lhe entrega,

O sol, em frêmitos carinhos, raios ardentes,

Num leve rubor de vapores turgescentes,

Penetra-a, entre copas, rompe-lhe, às cegas,

Sem dor, as úmidas entranhas de sementes...

No eterno gozo, vida e flor brotam silentes.