Lua insatisfeita

Ó Lua sobre o mar azul de esperas,

Sonhas acaso, quando o dia nasce,

Seres do campo infindo mil quimeras,

Em manhã esquiva onde o sol te abrace?

Miras-te triste no esplendor das vagas

Como menina a estremecer de frio,

Pálida rosa de infelizes plagas,

Diante das águas de enganoso rio.

Será saudade do rebanho errante

Onde valsavas entre luzes tantas,

Na valsa de ânsias de ser mais brilhante?

Tremes por que se, à noite, te levantas?

Pois, findo o baile, despe o teu diadema

E vem à minha mão, vem ser poema...

RS/2002