Ah! No meu tempo...

Não voejo palavras no vento,

Nem me lanço contra o tempo...

Tantos se perdem no lamento

De que é tudo culpa do tempo...

Do tempo ido,

...do perdido,

...do esquecido,

...do morrido...

Ah! Se o tempo voltasse...

Ah! Se o tempo não existisse...

Ah! Se o tempo não passasse...

Ah! Se em tempo eu visse...

O tempo foi arma inventada

Por um homem malvado, sem alma...

Precisava de ter hora marcada,

Para matar as horas de calma.

Choram pela madrugada insone,

Quando minutos parecem quimera;

A agonia que na aurora logo some

Está no homem e não na espera!

O hoje é o tudo que ficou de sol ou lua,

Nem ao futuro o tempo se promete...

Se foram tempos doces ou de dor nua,

Não é o tempo que lá se remete.

Sem idade, presença ou vontade,

O tempo é o nada - prisioneiro atento;

Seu desígnio é na cela da saudade,

Gritando pela eternidade e ao relento.

"Ah! No meu tempo..." Nada disso!

Lamentar o que não tem curativo

Não traz ao presente o que já foi viço.

O tempo? É este, agora, e se está vivo!