PARECÍAMOS NÓS!...

A Olympio de Azevedo e Cintia Thome, Dedico.

Pareciam manhãs de ontem

Lambendo verdejantes cópulas de lágrimas e ácidos...

Pareciam mísseis atômicos

Incinerando vidas desvividas...

Pareciam almas de palavras desditas

Numa promiscua escuridão de multiplicar

Amores rezas e indulgências...

Pareciam espocares de corpos e folguedos...

Pareciam milagrosos coitos de espíritos e espinheiros

Desfrutando-se do ir-se e vir-se entre grades e prisões...

Pareciam fogosas raparigas engolindo maçãs

Mamando insossos sussurros

Até ruirem-se no limite da fala...

Pareciam doutores do charco

Desdizendo corpos decompostos...

Pareciam infiéis amantes cuspindo néctares

Pelos cantos da boca da alma...

Pareciam extravagantes auroras

Beijando esqueléticas traças de gente e sapo

Cujo ato de expiação se dera em gozo

A fim de assistir céu nublado desabar-se

Sobre às têmporas de meiga morte...

Pareciam antemanhãs de hoje

Poluídas de ares de palavras paidéguas

Decerto desabando-se

Sobre a cara-metade da sorte...

Pareciam línguas angelicais

Assexuando-se deliberadamente sobre o pênis do poeta...

Pareciam ébrias poeiras escandinavas

Decaindo-se sobre a languidez do úbere da fala...

Pareciam amores vencidos senão gozares derruídos

Após bebedarem-se de gala/lâmina que se gozara

Ao vê-los se fugir além de mim

Por cujas luminescências poéticas

Este poema não há que padecer

Em sacrífício de lavra própria

Provindos desses homens de merda...

Pareciam haver lânguidas manhãs

Vomitando continuamente suas bílis alcoólatras

Para que o orvalho da dor

Não viesse cair sobre o rego dos idólatras...

Pareciam gordas manhãs

Grávidas de homens ferrugens e flores...

Pareciam manhãs possuídas de sexo selvagem...

Pareciam estômagos morrendo

De orgasmo e tristeza...

Pareciam fartas manhãdemanhãs

De manhãs de ontem e sempre

De cujos picos doídos das najas egípcias

(Energizados de vaginas e trapaças!...)

Pareciam mangas assassinando o sol

Mortas de inveja....

Pareciam afeminadas manhãs...

Pareciam poetas despossuídos

De orgasmos e penetrações...

Pareciam proféticas palavras

Destituídas de ardor e paixão...

Pareciam palavras compostas de intermitências antiéticas

Cuja locução não parecia observar óvnis de pênis pançudos

Já que suas métricas tesudas e suas avantajadas rimas

Aparentavam carecer limites e sacrifícios...

Pareciam manhãs de hoje sem ontem...

Pareciam escarros de trigos e feridas...

Pareciam lágrimas talhadas e tantas...

Pareciam estranhos corpos e muitos...

Parecíamos nós!...

Benny Franklin
Enviado por Benny Franklin em 07/07/2006
Reeditado em 28/11/2006
Código do texto: T189344