O AMOR É O LIMITE

Quando me aproximei daquele monge tibetano (com barbas e cabelos longos brancos) que imbuído de mostrar-nos a grandeza e a generosidade da vida - não titubeei: pedi-lhe que falasse das virtudes do homem, dos mistérios da vida, da imortalidade do espírito e da inevitável presença da morte. O velho ancião olhou francamente em meus olhos, e numa voz rouca e mansa - deitou falação:

Nenhum homem é livre que não se possa dominar

Domínio próprio é coragem em outra forma

Aquele que é dominado por suas paixões é homem fraco

Melhor é o que governa o seu espírito

Do que o que toma uma cidade...

A liberdade não é um direito inalienável

Mas um merecimento

Aqueles que a abandonam perdem-na inexoravelmente!...

Nenhum conflito é tão severo

Como o daquele que luta para dominar seu erro

A verdade não se deixa escarnecer

Porque tudo o que restar de sua fome

De sua fome germinará putrefação!...

A liberdade precisa ser ilimitada para ser possuída:

Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber

Mesmo com toda iniqüidade resta-nos gritar

Ó liberdade...

Quantos crimes ainda serão cometidos em teu nome!

Quantos ainda hão de comentar tal agouro?

Pela vontade inteligente da vida

O homem modifica a face da terra e o curso da história

O homem pela fé vence o mundo...

Vê e admira!

Este é o caminho que nos leva à nova vida:

Andai nele sem vos desviardes

Nem para a direita nem para a esquerda

A única lição que a história ensina

É que o homem nada aprende da história...

Mirem-se nas orquídeas selvagens

Elas nada podem falar de amor

Mas a cada manhã de suas dores

Clama por amor e seus amores recondicionam-se nos pululares do tempo...

O amor não liquida suas contas cada dia

Mas ele as liquida de uma vez no final

E se foste achado em falta o que hás de fazer?

Mais digno de ser escolhido

É o bom caminho do que as muitas riquezas

Subtraídas em nome da vitória!...

O dever é majestoso

O amor é divino.

O dever obriga

Constrange o amor

O dever enaltece

O amor sublima

A paixão limita-se a cumprir o dever

O amor vai além do dever

A paixão não toma iniciativa

Mas sim o amor

A paixão se limita ao mínimo

Mas o amor empresta sua energia ao máximo...

Cabe a cada um decidir por si

Se - viverá no plano do amor ou da paixão

- ou no plano do dever ou do amor

Assim que já não é mais paixão

Mas dever e se és amor

És também sucessor do pai

Pelo filho sacrificado...

O que sabemos é pouco

O que não sabemos é imenso...

O homem maquinal está fora de si

Quando cai em si

Faz a grande descoberta que muda

O rumo de sua vida...

Ó irmão da chuva

Não te abatas pelo cansaço

E se ele vier gritai:

Ò mundo desigual: - escutai!

Não renuncia a verdade

E nem te exalta a ti mesmo

A soberba procede à ruína

E a altivez do espírito precede a queda

O homem de si mesmo nada é e nada tem...

Contudo lembrai-vos sempre de quem tem

A fechadura da vida e da morte

Não és patrão de teu comer

E nem servo de tua alma!

Pois muitos são os degraus

Da escada íngreme da vida

Que nos levam ao domínio

De o próprio gozar – a dor!

Benny Franklin
Enviado por Benny Franklin em 12/07/2006
Reeditado em 09/09/2006
Código do texto: T192312