APENAS UM POUCO BEBIDO

A Paula Machado

Ah!... Esses goles de White Horse

Por serem esplendidamente envelhecidos

Não me deixam pensar!

Não me deixam tragar e nem baforar

O precioso cubano

Que com vinho tinto do Porto

Reativa a minha poesia

Incubada por entre tintas

Goles de vodkas

E pinturas de Monet

Ah!... Esses livros de Gullar

Por serem enrijecidos e emblemáticos

Não me deixam poetar!

Não me deixam perscrutar

O multifacetado bolo de letras

Que com suco de jaca rediviva

Gala a minha paciência

Enrroscada por entre dores

Blogs poéticos e docíssimos sorvetes

De paraenssíssimo bacuri

Ah!... Poema

Se tiveres que vir

Que venhas logo

Sara meu porre

Reanima minha consciência

Recobra-me o sentido de poeta

Não permitas que me venha

O teu breve morrer

Ah!... Poema

Se tiveres que vir

Que chegues logo

Sirva-me um rosê

Contamina minha saliência

Redobra-me o ardume de poeta

Não permitas

Que mesmo como medo

Eu a possa renegar

O mel que escorre à esquerda

De tuas entranhas...

Embora

Sendo eu inveterado alcoólatra

De palavras moídas

De sentidos não lidos

De vidas desvividas

De finalidades não tidas

De teimosias corridas

Também sou furor de branco escriba

Pensador e não pensativo

Indutor e não indutora

Condutor e não condução

De gametas e lágrimas talhadas

Que o próprio tempo ousou

Emprenhar-me

Benny Franklin
Enviado por Benny Franklin em 13/07/2006
Reeditado em 24/08/2006
Código do texto: T193314