METAMORFOSE DAS LIBÉLULAS
Soletrar amor
Não significa afogar-me em baldes
De lágrimas multifacetadas
Não significa rever o revés da flor
Nem significa atar-me ao viés
Das borboletas desbucetadas
Tristes inócuas sem sal
Mas que com afeto e com carinho
Hão de sê-las (um dia) todas poetadas
Penetradas...
E suas lágrimas ser-nos-ão
Como as estrelas no céu
Soletrar amor
Não significa molhar-me em bacias
De paixões decapitadas
Não quantifica bebedar-me de frio e dor
Nem indica glorificar-me em unhas e pés
De queixumes multidecepados
Frouxos alienados sem açúcar
Mas que com afeto e com carinho
Hão de sê-los (um dia) todos poetados
Penetrados...
E suas lágrimas ser-nos-ão
Como as estrelas no céu
Porque
Soletrar amor
Não significa armar-me de frases e palavras
E depois joga-las ao vento
Ao precipício da garganta
Ou recolher-me ao vicio que encanta
Que é o ato de amar o amor das libélulas
Já que ao fim do gozo
Por respeito aos seus vassalos
Elas decapitam e devoram
Quem lhes gala...
E suas lágrimas ser-nos-ão
Como as estrelas no céu