O HOMEM

Homem...

Ó pobre homem!

Que tens que não pode tua boca reclamar?

Será castigo dos deuses

– ou angular fome

De perdurar solidão?

Que tens de tão sofrido

Que não pode teu beijo carpir?

Será sangramento de fome

– ou tsunamicas ondas

De importunar escuridão?

Homem...

Ó pobre homem!

Que tens que não pode teu corpo fugir?

Será achatamento do peito

– ou espetacular ciúme

De ferrar coração?

Que tens de tão incompreensível,

Que não pode teu Deus clamar?

Será vertigem dos náufragos

– ou milenar coceira

De perpetrar repressão?

Homem...

ó pobre homem!

Em que jardim julga florir-te

Sabendo que a cópula da palavra

Gesta o repto –

E vai de canivete espetar-te à sorte

Cujo mistério da morte

Incidi sobre as unhas do estilete?

Ó pobre homem...

Que tens de tão infecundo?

Em que carne

Podes-te galar para fazer calar-se

Todas as injustiças da terra?

De vento em popa

Carregarás vidas para além

Do infinito?

A dor? - decerto a dor!

Ser-vos-ia de compreensão a todos os poemas

Que debalde restassem mofados

Em nossas lágrimas caídas:

- mas quantas?

Benny Franklin
Enviado por Benny Franklin em 17/07/2006
Reeditado em 05/09/2006
Código do texto: T195850