AMADEU E JOANA
Amadeu abraçado à Joana pela estrada
Caminhava em passos lentos, já chorando,
Apenas amor podia oferecer à sua amada,
Mas a comida fazia falta, e só roubando!
Ao pé dum rio ele ia cultivando...
Mas veio uma enxurrada levou-lhe tudo,
Agora por mais que queira não está dando
E ao seu lado caminha quase sempre mudo.
Tem fé em Cristo, e com ela vai pensando
Que o dia de amanhã vai ser melhor,
E os dois lado a lado vão rezando
E em pensamento pedem trabalho ao Senhor.
Senhor, Meu Deus. Ajudai-nos por favor
Temos frio e não temos nada para comer,
A vida assim, podes crer que é um horror
O futuro é feio e não sabemos que fazer.
Nossa mesa de Natal vai ficar vazia
Nada temos para a poder enfeitar...
Nossa casa perdeu assim toda a alegria
E os dois, cedo vamo-nos deitar.
O sono vence-nos e acabamos por adormecer
E sonhamos com uma mesa bem recheada,
Em sonhos fartamo-nos de comer e beber
E é assim que passamos a nossa Consoada.
Dia de Natal à noite é uma fartura
Os caixotes na rua estão recheados,
Deitamos fora a tristeza e a amargura
E comemos até ficarmos bem saciados.
É assim: está tudo mal dividido
Uns têm muito, outros não têm nada,
Será que o mundo precisa de ser benzido?
Pois creio que a terra anda toda embruxada!
Mª Custódia Pereira
(Biazocas)