COBRAS NÃO VOAM

Qual cobra rastejante,

Venenosa repugnante,

Levanta falso vai errante,

Tentando assim se levantar.

Não consegue,

Por mais que tente,

Não negue,

O mal em ti prossegue.

Qual as águas de um rio,

Tão sujas de fontes mil,

Em seu leito ajuntam sujeira,

Para no mar a qualquer momento jogar.

Tua boca!...

Bem parece um estuário,

Não de limpas águas doces,

Que vai as salgadas encontrar.

Tens uma vocação louca!

Xinga disfarça engana,

Mas como as pedras do rio,

Descoberta vai ficar.

As águas passam e declinam,

Turvas águas a rolar,

Mesmo embaçadas sobre as pedras,

Nos deixam as pedras enxergar!...