RAP**
Não há só pretos ou pardos
na periferia.
Há pobres em abundância
de todas as etnias,
de todas as cores e tons
nas favelas, vielas,
batucando latas, sampleando sons,
criando versos, fazendo rap.
Os pivetes,
os moleques forjam uma língua nova,
da necessidade cria-se nova ginga.
Nos fundos da cidade
a realidade dura
exige nova música que emerge.
Pra quem não tem da escola
só hip hop é literatura,
som-vida de quem quer, sem grana
ouvir o que entende,
falar do que vê,
quer expressar o que sente,
quer botar pra fora o que pulsa.
Por isso só fala cantado
e canta como quem fala
e mistura suingues, fundindo almas,
negras almas urbanas,
de todas as cidades do mundo.
para Oubi Inae Kubulo, de Célio Pires cp-araujo@uol.com.br