O circo e a vida

No teatro a cortina se abre

Sem o sutil toque dos contra-regras

Automática e inviolável

Violino mágico e notável.

Impávido e colossal no palco

Onde é requisitado todo dia

Sem manifestar a menor covardia

Apresenta sua obra prima final.

Resta o prazer de nada dizer

Apenas tocar para outros sonharem

O som forte impregna o ambiente

Deixa sua marca com maestria.

Trapézios e bolas de fogo vagueiam

Algozes mui ferozes o aguardam

Perda de tempo ele é imbatível

Palhaços coloridos cheios de guizos.

Um incensário de palavras sábias

Sendo usado minuto a minuto

A senha viva do portal colossal

Última chance para ser imortal.

Sob olhares curiosos e descrentes

A visão é audível, uma orquestra.

Astro único se amostra total

A lona do circo então abaixa.

Onde estão os vendedores de bala?

Não é o cenário ou bastidores?

Puro derradeiro e definitivo?

D”alma colorido e intuitivo?...

Quem não quis ver a mulher por barbear-se?

O homem que monstro é sem ser?

O elefante pular, cantar e dançar?

E os cachorrinhos quase a falar?

A vida é como um circo,

Perseguimos o inédito.

Ser homem ou mulher, mágico ou chipanzé,

Sorrir é o que na vida se quer!...