Minha Poesia
Minha Poesia
vai além do enigma da Esfinge,
além da Filosofia,
transpassa minha revolta,
reviravolta e faz curva em esquinas.
Poesia é traço de vida:
fragmentada, cindida.
Esculpida pela dureza da rotina,
permeada pelo rompimento dessa doce paixão,
Pela vida, é claro,
ao olhar para o lago e ver reflexo de trovão,
de ação em vão,
com imagens descaracterizadas flutuantes
imersas em si próprias,
esquecidas do mau que faz o Ópio,
fingindo ter salvação.
Minha Poesia é Selva,
é reflexo refletido do Metal e do Concreto,
caminhante por caminho incerto,
rastejante pelo chão.
Contudo, nada em vão!
Encoberta pela neblina,
Pela turba disforme encolhida e sem ação,
explode de raiva e se revolta,
rompe estranhamentos,
destrói alienação.
Barrada pelo afirmativo,
impõe, como crítica, negação:
o estabelecido necessita de ruptura,
carece de sepultura,
enquanto, pelo contrário,
Ajeita-se pelo ar,
torna-se abstrato,
Controla massa como quem controla marionete
e faz caricatura.
Mas revolta sai de meu corpo fechado,
Enquanto Entidades me dão forças
para continuar Poetizando vida,
sem fechar feridas,
abrindo-as para que não mais se percam de vista,
e se lute até o chão!
Sem isso, vida se torna um vão,
um abismo profundo da minha revolta confusa,
aparenta necessidade de unção...
O tolos, ainda ligados ao sono,
abstraem em vão, para além da realidade:
buscam salvação no extraterreno,
confiam na pós-modernidade.
Minhas curvas são as mesmas da crítica,
são irônicas, não cínicas;
são dialéticas e inflam peito,
soltam ar,
desespero do grito que estremece vaidade
de quem esquece a verdade e vive de qualquer jeito,
bate no peito,
sangra,
soca,
geme e nunca cai!
Soa alto, sopra grave,
com dedo no gatilho ou em alguma clave:
São dialéticas e não positivas.
Sou Poesia, sou vida.
A confusão só faz parte do espírito decadente,
mas ainda há boêmios que resistem,
fazem de tudo com uma ironia ou um xiste,
vivem de reflexão ou bêbados pelo chão,
são a negação da própria época,
são revoltosos indiscretos.
Poesia que poetiza vida,
que faz viver e ser linda,
contra o tempo,
contra o fluxo do mesmo,
contra o efêmero e dando atenção ao banal.
Assim, só assim,
sem encolhimento de posição fetal,
torna-se letal à época,
mostra como é fecal o verso,
deixa transparecer a podridão.
Sou rima e Luz,
sou sem refrão.
Sou Poesia viva,
sou pés no chão,
Sou mundo mudo,
Sou explosão.
Minha Poesia se revolta,
sai e volta,
necessita de tempo de reflexão.
Mas, ao contrário, explode sem tempo,
sem medo e sem previsão.
Minha Poesia sempre diz da vida,
muitas vezes não da minha,
mas da que resta fora do esgoto,
que sobrevive ao desgosto,
e tenta atravessar a via:
A vida, por mais confusa que seja,
se for Viva, é Poesia.
E ponto final!