Pelos mil "campinhos" da existência
O campinho é logo ali, atraz da igreja...
o chão de terra, áspero e esburacado
onde, no entanto, pleno, firme, viceja
o sonho que o garoto tem guardado...
Ele, é o anti-atleta, franzino, mirrado
que, lépido, fogoso, dribla, quase adeja,
chegando ao gol no lance arquitetado
pela criatividade que o induz e enseja..
Com sol ou chuva, jogar é contingência...
o calçado roto, a meia e a bola rotas,
como só podem ser o riso e a vivência
de quem prova alegria em conta-gotas...
Ele poderá ou não ser craque um dia
pois a vida lhe pesa, cruel ambivalência,
apontando para o infortúnio que o espia;
oferecendo-lhe o crime em sua letal essência...
Ah, garoto dos mil campinhos da existência,
tão determinado quanto determinado jogas,
peço que te mantenhas longe da violência
e que jamais conheças o inferno das drogas !!...