NOITE NEVOENTA II
II.
No coração do inverno o Sertão treme de calor.
E os olhos nunca estiveram aqui nem ali.
A súplica da mão oca e desolada
Ecoa perdida na escuridão destes céus,
Mas é encontrada e acolhida,
Não por algum deus holístico,
Mas por um suspiro de uma estrela em agonia.
Sob o monturo soturno,
Onde as galinhas ciscam à luz do dia,
Onde as cobras botam seus ovos
E onde a civilização deposita suas escórias,
Ali, naquele lugar repugnante
Uma semente invisível germina.