NOITE NEVOENTA II

II.

No coração do inverno o Sertão treme de calor.

E os olhos nunca estiveram aqui nem ali.

A súplica da mão oca e desolada

Ecoa perdida na escuridão destes céus,

Mas é encontrada e acolhida,

Não por algum deus holístico,

Mas por um suspiro de uma estrela em agonia.

Sob o monturo soturno,

Onde as galinhas ciscam à luz do dia,

Onde as cobras botam seus ovos

E onde a civilização deposita suas escórias,

Ali, naquele lugar repugnante

Uma semente invisível germina.

Gil Guimarães
Enviado por Gil Guimarães em 26/08/2010
Código do texto: T2460135