TUAS MÃOS...
5-TUAS MÃOS ...
Tuas mãos, tão expressivas, amor,
sempre foram o parâmetro pelo qual me conduzi,
pois elas me contavam de teu estado d'alma,
pela forma com que seguravam as minhas.
Quando entre os outros e sem que ninguém percebesse,
tua mão transmitia teus recados,
que eu entendia:
"Queria tanto que estivéssemos a sós!"...
ou " Tenhamos paciência com essas pessoas"...
ou ainda-"Estou muito feliz por estarmos juntos..."
Ou, quando por algum motivo me sentia insegura,
por tuas mãos me dizias:
"Não tenhas medo!"
"Vais conseguir"
"Confio em ti"...
Em nossos conflitos mútuos, passavas a mão pela barba
e era de tanto desamparo esse gesto,
que me sentia melhor em não mais discutir !
E, se lágrimas escorressem dos meus olhos,
tu as enxugavas e durante este teu gesto
eu compreendia quando percebias
que eu estava com a razão
e não mais discutiria,
ou quando era outro o teu ponto de vista
e tínhamos que chegar a um consenso !
Aí, então eu sofria!
Tuas mãos tão amorosas, que sempre me traziam rosas,
por motivos que inventavas e me enchiam de glória!
Tuas mãos, complemento de tantas histórias, que contavas
nas palestras que fazias e aqueles que o assistiam,
talvez não percebessem como eu,
a dança das tuas mãos tão afáveis,
que falavam de um Mestre, de Suas curas, Suas lições e Milagres...
E em suas mãos eu revia os gestos daquele Rabi,
Sua Missão, Paixão e Dilema...
No bailado de tuas mãos, harmoniosamente riscando o espaço,
como marcavam o compasso de tua consciente retórica
eloqüente, avançando em teu tema!
Tuas mãos macias e brandas - como elas sabiam
envolver-me inteira e passar-me seu amor
em carícias de calor,
que magicamente faziam aplacar ansiedades
e em renovados afagos amáveis,
fazê-las ressurgirem, para depois abatê-las
e tanto carinho que me traziam, que sempre
me encontrava delas, carente!
Só do último gesto de tuas mãos trago mágoas!
Quando cruzadas sobre o peito e geladas,
não puderam mais segurar as minhas!..
Mas, para que falar dessa mágoa,
se tuas mãos estavam lá,
porém tu não estavas!...
Tuas mãos, querido, foram duas lindas e raras poesias
de temas tão singulares e diversos,
que incansavelmente declamastes, enquanto vivias
e continham tantos versos
que eu jamais conseguiria encerrá-los
na modéstia deste poema singelo!
Maria Mercedes Paiva
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