SOU POETA DO VENTO QUE INVENTO.
19-SOU POETA DO VENTO QUE INVENT0
Maria Mercedes Paiva
Como um potro selvagem
eu galopo por toda a paisagem!!
Cheiro bom de umidade nessa estância tão ampla,
tão fechada com todas as plantas!!..
Prossigo com alacridade e
vou pintando todas as coisas,
desde o mais débil dos grilos,
pinto pássaros, arbustos
pinto até os frágeis gravetos
que piso e amasso com meu rápido passo.
Subo, célere aos pícaros do imaginário!
E para maior velocidade,
abro minhas asas e vôo com o vento!
E, rápido, num só momento,
sou o próprio vento em movimento !...
Então passo, beijando suave os cabelos vegetais...
assovio contente nas quinas,
canto meu canto de vento,
nos cantos dos quintais,
nos fios dos varais, nas esquinas...
Giro os pobres moinhos valentes
e propago o som tão dolente dos sinos...
Brinco ligeiro entre os cafezais e
e levanto as pipas de papéis dos meninos...
faço festa de pó nas estradas
e sou sopro de alento nas testas febris...
Enxugo o suor das inchadas mãos varonis...
Sou Zéfiro... Sou Tufão...
Sou minuano ... Sou monção...
Por um pouco sou ventos Alísios...
Num momento sou vento etésios...
Sou rajadas ou sou repiquetes...
Travessia ou vento aparente...
Sou mormaço nos becos que adentro...
Sou qualquer tipo de vento que invento...
Então, tento outro experimento:
Paro!
Não
sou...
Tudo
pára!
Calor!
Mormaço!
Lento
desalento!
Sou
os
versos
de
ausência
do
vento...
;;;;;;;;;;;;;;;;;;