Livros do Éter I I

Pobres livros esquecidos nas estantes,

Engaiolados em prateleiras,

Loucos para baterem as asas e voarem

Rumo às mãos de quem gostaria de acarinhá-los

Em troca de conhecimento.

Pobres livros, amigos íntimos de mofo e ácaros,

Como gostariam de serem tocados e darem,

Em troca, conhecimento, viagens, suspense,

Imaginação e tudo que lhes cabe nas paginas.

Livros que, trancados em armários,

Adormecidos, às vezes, ficam anos

Sem dedos nem olhares a lhes pousar.

Livro deveria ser passagem...

Passagem para a cultura, passagem para a ficção,

Passagem para a elevação espiritual e moral.

Livro amador, livro Nobel...

Livro os pecados de ser livre;

Livre em alçar vôo por ser livro.

Livros queimados na Alexandria, no nazismo, nas inquisições.

Queimados, livros inertes!

Queimados pelos homens, coitados,

Em sua infância intelectual.

O conhecimento, em certa época e em certos lugares, era para poucos,

Pelo medo de que sua disseminação trouxesse a revolução.

Conhecimento é poder, faz pensar, e pensar é perigoso

E os livros ficavam proibidos para o povo.

Queimar?

Queimar estantes, caixas de mofo, nos porões e sótãos;

Queimar?

Queimar apenas o que possa servir de descanso aos livros.

E deixar que seu repouso seja em mãos,

Mãos que sirvam de passagem,

Passagem para o conhecimento.

Doar sem dor

É como dar alimento à alma,

É alimentar o espírito, é dar poder,

Para que o querer seja sempre poder.

JorgeBraga
Enviado por JorgeBraga em 02/01/2011
Reeditado em 23/01/2011
Código do texto: T2704423