Sou eu

O vento que corre, sem destino,

o edifício que implodiram

a larva que virou borboleta

a nuvem preta da odiosa poluição

a maçã que ontem caiu no chão

a chave que abre a porta do infinito

a navalha com que faço a barba

o vaga-lume da tua consciência

o tóxico que muitos ingerem

o anzol que fisga o peixe

o sol que se põe todos os dias

a luz que clareia a tua vida

o enigma do imenso cosmos

o profeta do apocalipse

o cuspe da naja traiçoeira

o tiro do canhão ensurdecedor

o freio do carro veloz

o trilho que conduz o trem

o gume da faca afiada

a ponte sobre o rio profundo

o aborto

o crucifixo do teu pescoço

o diário que tu escreves

o filósofo que não pensa

o passado e o futuro

o ninguém de todas as pessoas

o além da morte

o caos brindado ao seu breu.

JorgeBraga
Enviado por JorgeBraga em 08/02/2011
Código do texto: T2779386