Os amores que enfrento (Anderson Julio)

De manhã quando acordo

vejo o quanto transbordo

em todo o meu sentir.

Meu coração passivo

por que não dizer lascivo

mostra o que está por vir.

Amores torrenciais

em uma tarde a mais

como chuvas em mim.

Bocas com ardor

olhos multicor

nas estórias sem fim.

Enfrento um amor...

um amor antigo

e rente ao perigo

me dou por inteiro,

a esse primeiro.

Enfrento um amor...

que fala em dinheiro...

e que me olha no fundo.

Então me entrego,

a esse segundo.

Enfrento um amor...

que é quase infantil,

e minha mão vil

escreve um roteiro

preciso e certeiro,

e então, me atiro,

a esse terceiro.

Os amores que enfrento

não irão me vencer

pois num dado momento

hão de me esquecer.

Os amores que enfrento

me servem de escudo

me servem de alento

a cada amanhecer mudo.