PALAVRAS APRISIONADAS EM MIM

“Perdi-me dentro de mim

Porque eu era labirinto,

E hoje, quando me sinto,

É com saudades de mim.”

In Dispersão, de Mário de Sá-Carneiro(1890-1916)

Palavras vivem em mim,

Tristes e aprisionadas;

Agitam-se revoltadas

Querendo nascer em mim.

Doces palavras amargas,

Sonhando a glória do dia

Em que terão a alegria

De não mais serem amargas.

Como é grande a minha dor,

Ao sentir esta impotência

De não ter a competência

De libertá-las à dor.

Procuro o momento certo,

Para que o meu coração

Tenha a rara inspiração:

Faça certo, o que está certo!...

Palavras em harmonia,

Vinde na altura devida

Com sentimentos de vida

Para assim ser harmonia!