Quase Nada
Quase Nada
Quem sou eu?
Eu sou tudo
Ou eu sou quase nada?
Sou o pó da estrada
O sabor da buchada
E o vento da invernada
Sou a cachaça da quartinha
A benção solene da madrinha
E a mão rude que ti acarinha
Sou a fome do catingueiro
O canto estridente do galo no poleiro
E a prece fervorosa do romeiro
Sou a cantiga de ninar esquecida
A dor da vida mal vivida
E a solidão das paixões proibidas
Sou a viola do violeiro
O barro pisado pelo oleiro
E o vil metal o dinheiro
Sou o silêncio profundo do espaço
O choro da rapariga que perdeu o cabaço
E a reza das beatas no paço
Eu não sou tudo
Ou não sou nada
Nem mesmo o berro da bezerra desmamada.