O que se esconde
Este meu túmulo
que confundo com cela
que confundo com tudo
esta minha casa.
Casa que não me é inteira,
a minha cabeça toda areia.
(Quase que me faço estátua)
Tudo só mais brincadeira:
enterrar-se vivo, a metade
do corpo, a cabeça é areia.
Só mais um castelo – estes
meus castelos – coisa de rei,
que vendo estrelas cadentes,
dormindo ao relento, ainda
faz pedidos de maré cheia.
Para que a vida lhe derrame
água na boca. E as conchas
com barulho de mar, no mar,
deixem-se ouvir de frente,
não de lado.
(E assim, dessa maneira,
preso entre o mar e a areia,
é que se entra na vida
de uma pessoa amada.
Não se recebe nenhuma visita
de uma única entrada
em uma eterna saída.)
/ Até que o mar me apague
outra falsa pegada /