O que se esconde

Este meu túmulo

que confundo com cela

que confundo com tudo

esta minha casa.

Casa que não me é inteira,

a minha cabeça toda areia.

(Quase que me faço estátua)

Tudo só mais brincadeira:

enterrar-se vivo, a metade

do corpo, a cabeça é areia.

Só mais um castelo – estes

meus castelos – coisa de rei,

que vendo estrelas cadentes,

dormindo ao relento, ainda

faz pedidos de maré cheia.

Para que a vida lhe derrame

água na boca. E as conchas

com barulho de mar, no mar,

deixem-se ouvir de frente,

não de lado.

(E assim, dessa maneira,

preso entre o mar e a areia,

é que se entra na vida

de uma pessoa amada.

Não se recebe nenhuma visita

de uma única entrada

em uma eterna saída.)

/ Até que o mar me apague

outra falsa pegada /

Eduardo Lacerda
Enviado por Eduardo Lacerda em 05/07/2005
Código do texto: T31277