Paraíso sem cidade

São plantas nossas atenções

Pacificadas sobretudo

No estúdio floral das emoções

Fixadas no solo como cacto

Que ainda vive

Mesmo desligado da terra seca

Sem ternura.

São plantas as tardes voltadas para o sol

Tendo em vista a varanda

E o quadro olhitauro onde habitam almas

Na respiração resplandecente.

São plantas finas e verdes

A casa das efemérides voadeiras

Confundindo-se na grama

Com a indulgente alegria

Das cores disponíveis

Para desenhar sem pensar

A primeira saudade imortal

Que o vazio abriga.

É planta a mãe da idolatria

Nas sensações que revelam

O quanto permanece cada jasmim reinando

Sobre a luz olorosa do encanto

Cobrindo o percurso iluminado.

A seiva flutiflora como sangue

Na nutrição vegetal do alimento fecundo imediato

Onde guarda ainda algum tempo

Para pincelar a festança primaveril dos jardins

Da mais perfeita beleza vulgar

Na flor em pérola orvalhada

Eclodida no exato instante

Onde só habita a perfeição

Na carne da geografia imaginável.

Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 30/11/2011
Código do texto: T3364706
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