SILÊNCIOS

há silêncios explícitos

obtusos

obsequiosos

às vezes se diluem

como vento

como tempestades

mas sempre grávidos

prontos para parir poemas

revoltas

revolução

há silêncios vergonhosos

onde se massacram

a voz

o manifesto

e até o pensamento

silêncios seculares

instantâneos

estes proliferam nas ditaduras

nas câmaras escuras

no escuso do sistema

silêncios são sacos sem fundo

e crescem para dentro

até o insuportável

da negação

mas no momento do impossível

rompem o lacre

o estopim

soam-se os clarins

as trombetas

as canções de verdade

os hinos

as primaveras e verões

silêncios são momentos

não são eternos

como querem os intolerantes

os impérios

os que sentam

sobre suas riquezas

avarezas

vilezas

sobre o silêncio dos demais

a estes

a voz

o protesto

a ação

a eloqüência da verdade