TESES VIVAS**

A cidade cresce em muros e prédios,

subtraindo árvores e ares.

As casas encerram seus habitantes

em paredes e grades “protetoras”

e na escola o aluno aprende a lição:

A geometria restritiva

e a matemática da fome consentida.

A sociologia da rua continua precisa

e providencia teses vivas.

Nos baixos do viaduto

a madrugada fria ensina na pele

a metereologia que não falha.

A cidade cresce em diferenças

e desgraças se multiplicam.

A arquitetura das favelas

ensina a lição da sobrevivência.

Moleques da Febem e presidiários do Carandiru

destroem teses racistas

de que o negro é criminoso nato.

Ensinam lição que não se aprende

na faculdade dos nobres mandatários.

A cidade cresce em vielas e favelas.

Subtraem-se vidas em massacres e chacinas.

Vidas que não importam

que não contam nas estatísticas essências.

cp-araujo@uol.com.br