MAIS QUE UM POEMA...UM LAMENTO

“CANTO DE FÉ”

Meu canto é um lamento

Pelas guerras frias.

Pelas almas vazias,

Que no silêncio da noite

Choram seus mortos

Em preces sombrias.

Meu canto é de fé,

É um canto de graça,

Que se mistura ás vozes

Da multidão que passa.

Pagando promessas,

Seguindo em romarias,

Cantando em mil coros,

Suas Ave Marias..

“CANTO DE RAÇA”

Meu canto tem cor,

Tem sangue tem raça.

Tem a pele negra,

Tem um que de graça.

Atravessou os oceanos

Do sul e do norte,

Nos porões dos negreiros,

Entre homens fortes.

Espalhou seus terreiros,

Imortalizou seus Santos,

Ensinou seu canto,

Misturou sua gente.

E entre culpados e inocentes,

Aprendeu a gritar.

Por um mundo melhor,

Por uma mistura igual,

Sem distinção de raças,

Sem diferenças de cor,

Sem perder seu valor,

Sem esquecer seu ideal.

Que gente é esta

Que não se cansa de lutar?

Que canto é este,

Que se canta em ioruba?

Que raça é esta

Que a cada dia se agiganta?

Que povo é este

Que nunca perde a esperança.

“CANTO GUERREIRO”

É por isto que eu canto...

Pra que meu canto atravesse as matas.

Desça os rios das águas de prata,

Os amazonas das cachoeiras.

Suba os montes e ecoe nas serras.

Que se faça ouvir entre os filhos da terra,

Terra de Deus, ou de ninguém.

Berço de homens, de guerreiros fortes,

Vivendo uma vida de morte,

Entregues a sua própria sorte.

Esquecidos á sua pobreza,

Falam á mãe natureza,

Em um dialeto que se fez ouvir.

Em lamentos de duras penas,

Choram em silêncio Iaras e Iracemas,

Caboclas de uma extinta nação Guarany.

Dançam e cantam como crianças,

Nunca perdem a esperança,

De reaver o que um dia foi seu.

Rogam a Deus em pensamentos,

Mais que uma prece um lamento,

De uma nação que o tempo esqueceu.

Em uma longínqua ilha de Vera Cruz,

Esquecidos na distante terra de Santa Cruz,

Ficaram os filhos de uma mãe gentil.

Perdidos nas matas de pindorama,

Sobrevivem uns poucos sobre o verde amarelo,

De uma selva estranha chamada Brasil.

“CANTO DE UM POVO”

Meu canto também é um grito de alerta,

Aos ricos senhores de todo poder.

Que finge não ouvir o pranto de um povo,

Que luta sem mesmo ter o que comer.

Daqueles que tem em suas mãos os destinos,

De ricos e pobres, grandes e pequeninos,

Mas nem mesmo sabem qual será o futuro,

De uma pobreza que a cada dia que passa,

Mistura-se a densa fumaça,

Das fabricas nas periferias.

É um canto de mulheres e homens desassossegados,

Trazendo em seus semblantes preocupados,

A certeza de uma esperança tardia.

Vivendo oprimidos e humilhados,

Nas longas filas dos desempregados,

Buscando o pão nosso de cada dia.

É gente humilde,desapercebida,

Em fotos amareladas,descoloridas,

Esquecidas no gabinete de algum burocrata.

Dos mesmos que mostram um Brasil sem fome,

De Joãos e Marias sem sobrenomes,

De um povo culto, sadio e feliz.

Dos que falam ao mundo em varias línguas,

Dos que mostram ás ditas “nações amigas”

As varias faces dos vários “BRAZIS”.

Rusth
Enviado por Rusth em 22/01/2007
Reeditado em 27/01/2007
Código do texto: T355605