sombras remotas

dois ambientes /

um iluminado -

outro de luz ausente /

alguém no lugar escuro

a chave presa na garganta

anseia levar o corpo ao ambiente

claro transpondo os espaços /

a intuição o convence que não

basta destrancar a porta /

deve desejar a claridade com sabedoria /

almejada sabedoria que não alcança em si

tampouco nas aparências veladas /

em palavras o sentimento indizível é tocado

bem de leve e permanece sem ser dito /

ou quase /

o claro ambiente ninguém habita /

morreram todos /

nem resquícios sobrados /

histórias nem nada /

causos alguns poucos escassos /

dignos de lembrar sem nostalgia /

indesejáveis lembranças /

invisíveis saudades cálidas vazias /

eu /

longe mui longe a ziguezaguear pelos trilhos

ouço o ronco da locomotiva

trazido pelo vento no silêncio da madrugada /

suplicando mãos escapando entre os dedos

minha meninice - olhando agora -

tão distante vai ficando de mim

Wagner de Oliveira
Enviado por Wagner de Oliveira em 03/04/2012
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