POEMA PROSA DA FLOR FORMOSA

Quando a rosa amena, se encontra com a azálea,

Chora em seu ombro, à soluçar, a flor poema.

Com intensidade, chora sentida, e desencantada.

Inveja a vida, que se espraia livre, da margarida,

Às margens de estradas infindas.

Inveja todas as flores, as mirradas e as feias,

As pluriformes, inominadas, marias sem-vergonha,

Ou, mesmo, as francas orquídeas, tão lindas.

Que benção, então, seria (pensa a rosa),

Não ter o peso de tal beleza.

E, que não existissem amantes ou os poetas,

Que lhe quisessem atribuir alguma precisa serventia,

Para as inefáveis artes da humana sedução:

- De que vale ser, assim, tão bela, como sou,

Se permaneço escrava desta inata condição!

Ricardo S Reis
Enviado por Ricardo S Reis em 28/01/2007
Código do texto: T361217