DE LEVE

Ela veio de leve

Soprando suave

E foi penetrando

Quando vi

Tudo ficou diferente

O futuro presente

Tudo fora de lugar

As pedras de ponta

As contas que não fechavam

As cobranças

Tudo de repente

Pôs-se num poente

O fim da ponte não tinha o pote de ouro

Rio dourado

Mas havia horizonte

Um rio inteiro novo

De águas límpidas

E pedra era seixo que rola

E peixe agora

O alimento

O auto-sustento

O fogo e o congelado sobre a mesa

E eu com minhas facas e inabilidades

Inebriado de novidade

De repente

Ela foi chegando

Soprando suave

Feito brisa

Feito vento

E foi entrando pelos olhos

Ouvido e gargantas

E foi ficando

Fincando.