EU COMO POESIA COM FARINHA (AMOR PELA POESIA)
Eu bebo poesia
Em certas fontes díspares
No movimento das borboletas
E no escuro do casulo
Eu engulo seco
E me aperreio sempre com intrigas
Eu como poesia com farinha
No dia-a-dia
E na entrelinha
Nada me vem por acaso
Às vezes escassa
Noutras em torrentes
Meu pensamento é meu alimento
Eu bebo poesia
Na alegria e na dor
É como amor: tudo ameniza
Acho que brisa é uma boa rima
Mas disso não depende a poesia
Que é um jeito estranho
De dizer o não dito ainda
Tentativa de dizer o que não interessa muito
Mas me interesso tanto
Por esse jeito sincero e disperso
Esse modo intrínseco de fazer parede e tetos
E no espaço criado viver
Coisas que não acontecem
Movimentos transversais
Translúcidos
Fissuras no lúcido
De repente num flash revelados
Ou quase
Tento.