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PEREGRINO
 
Nuvem densa e escura
que torna cinza a paisagem
aumentando a amargura,
apaga qualquer imagem
dos dias ternos do ontem,
que se foram atrás dos montes,
se esfumaram qual miragem.
Peregrino desvalido
eu caminho entristecido,
corpo gasto que arrasto
pela estrada sem ver nada.
Na confusão da loucura
minha alma é aventura,
é pássaro alado que voa
sobre as águas da lagoa
feliz, alegre, contente,
olhando a estrela (sem tê-la)
com seu brilho reluzente.

Sem assunto me pergunto
entre espantado e calado:
antes de tornar-me gente,
o que fui... antigamente.

                   Inspirado no belo poema "Reticências" de Deley
        http://www.recantodasletras.com.br/poesiasdetristeza/3676853