O outro eu.

Preciso escrever porque pulsa em mim

O sangue de outro homem...

O deleitar nos seios de amor sem fim

De uma jovem que tempo e iniquidade comem...

Ser um profundo sentimental

Amante das ninfas que nenhum homem jamais...

E chorar em versos sem o sal

E o tempero que a vida não dá mais.

Quem sou, para que escrevo aqui?

O que sou e quem é esse outro homem?

Eis que as respostas dizem: o caminho é daqui

Para onde os ventos zumbem

Uma lágrima de uma donzela

Que perdeu seu cavaleiro em batalha.

Eis meu instinto aventureiro e por ela

Chorarei em mortalha...

As respostas para as tuas perguntas - diz a Musa

-São respostas em enigma!

Se não sabes, não pergunta, usa

O que te fiz como resposta: um estigma.

Pois a dor e a melancolia são teus guias,

Mas não te esqueces do amor à fantasia!

Sem deixar de amar à lira que copia

O canto de teus versos em histeria...

Eis que achei quem é o outro homem.

É digno desta resposta, pois alcançou

O que jamais vou alcançar, pois o que ele faz consomem

As vistas de todos os que dizem o que soou

Como a melhor poesia, a melhor fantasia!

Esse homem não sou eu nem carne como esta,

Mas outro que digo com alegria,

Pois esse homem é poeta.

Ulisses de Maio
Enviado por Ulisses de Maio em 28/08/2012
Reeditado em 28/08/2012
Código do texto: T3853967
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