A honra

Corro movido mais por ânsia que energia,

perco-me na terceira rua em fundo de beco.

Jogral, charlatão, palhaço, prestidigitador... O que quiseres!

Amo tudo que possuo, menos a mim mesmo e assim

disponho-me, garçom e maître, à mesa farta!

Epulário em solidão, comensal de mim mesmo,

garfo na coxa da perdiz assada, mas não aliso

pernas cruzadas, que tem na primavera

a flor sazonal, vaidosa, compassiva? Perfumada,

a exercer natural sedução; miséria que, se existe,

não deveria jamais conspurcar nenhuma honra.