Fio d’água

O amor promíscuo pelas

pessoas do mundo,

marginais do rio onde

minhas veias desaguam,

nasceu como todo amor

de uma fonte limpa,

embrenhou-se entre pedras,

verdor da juventude,

vales laborais de uma

agricultura de subsistência

onde deixou seu limo

nas margens do rio.

Ergueu projetos, mas

sempre morou no chão

e se, hoje, sem turbulência,

surge sob o céu azul,

saibam ter sido também

rio subterrâneo,

sumidouro, fio d’água,

onde matei a sede

mesmo em solidão,

antes do estuário onde

ao tornar-se horizonte

o rio se tornou cheiro

do mundo com todos

perfumes e odorantes

de cais e de jardins

às margens das capitanias

de onde o mar passado

a limpo, beija as pedras

com o mesmo cuidado

que as espias de um navio

amarram-no ao porto.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 06/11/2012
Código do texto: T3972731
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