O Meu Carnaval (Anderson Julio)

Guardanapos rabiscados...

Assim são as receitas perfeitas

para que eu não erre amanhã,

quando eu for buscar

o que é meu por direito,

o me diz respeito,

e o que, a despeito da vida,

será servida

em louça chinesa

e com rara destreza

pelo sol que arde

além da manhã.

Um punhal de prata

de magia cigana.

É a chave de todo o caminho

que virá com a alvorada,

na forma de uma nova estrada,

para essa alma emborrachada.

É o cálice que trasborda

com a última gota de suor

que por hora nasce

e despenca dessa face,

talhada pelo tempo

e agora refrescada

pela brisa intocada

que renova

o meu sorriso.

Uma sinfonia de sonhos.

É o gozo perfeito

na dança das coisas

que movem o meu ser.

Sob a luz das horas

tão insaciáveis

de pão, de mel, de som

e de poesias vadias.

Ante ao parapeito da varanda

vejo a enorme ciranda

que se forma,

e que assim torna

a folia algo sem fim.

E para além de mim

está a resposta final.

Eis o meu carnaval!