19 DE ABRIL ou DESAFIO TUPI GUARANI
Foi tão alto o brado de guerra
Que a cotovia piou de dia.
Foi o brado Kayapó em pintura de guerra
Tão forte que as veias estufaram
Tão alto que as lágrimas rolaram.
Foi-lhe tirado seu orgulho
Sua cultura
Caraíba não lhe deu nada em troca
Além da miséria material
E espiritual.
Um Yanomami que não pescava mais
No rio vermelho de mercúrio.
Um Txucarramãe que não caçava mais
Na floresta desmatada.
Um Xavante que não reverenciava mais
Seus ancestrais
Enterrados na terra que lhe foi tirada
Longe da reserva medíocre que lhe foi dada
De esmola.
Um Kamayurá que não tinha mais
O que ensinar aos seus filhos
Porque esses já queriam Kodak e coca-cola
E já tinham vergonha de sua flecha
De seu nome
E de andar nus.
Um Kaiowá com sangue quente de índio nas veias
E um restinho de orgulho no peito
Deu um brado de guerra
E como protesto
Se matou.
Do livro "Canto Mestiço"
- 2º lugar no concurso de poesia do Sesc-Ramos;
- 2º lugar no concurso de poesia de Sepetiba em 1999.