Gente veloz
pingente de fueiro de bonde
caía em pé como pingo
de chuva, mas não se espalhava
descia o morro gramado
em folha de palmeira seca
e ao fim quase voava
gadunhava ônibus
com sua bicicleta, sem frenagem,
abria braços quando se largava
corria na Estrada de Santos
enquanto ouvia rádio, mas não
acidentava-se o ás do volante
na vela aspirava ao vento
para o seu barco ir à enseada
para vencer regata
no ar descia de avião sempre
de paraquedas, sem turvar a vista
nem na hora do pouso
um dia foi surfar num trem
pois empobrecera e quem é
pobre quer ser veloz também