MAIS QUE GOLES

Rumores estacionam.

E vista d’olhos me dizem que já não ouso continuar.

Penso em detalhes, ruas pequeninas e transtornadas,

Estreitas passagens que sequer me comportam.

Fora, qualquer pessoa me agride. Fora, as coisas

Não se firmam nem são tão pequenas a ponto

De não mais me incomodarem.

Escrevo um volume absurdo de contos,

Colares, prumos, cumeeiras sujas por

Pés de passarinhos.

Iludo-me, os hunos já não me apavoram.

O gramado cresce, avanço despreparado

Como um senhor sem destino.

Me coloco à direita das ruas. Desejo mais

que goles, desejo a noite negra e descontrolada,

Os cheiros d'alma tomando

As ruas, a cidade pintada de gritos,

muitos deles meus, supremos gritos.

Há rumores, eu sei, mas não são deste lugar.

Vieram de longe, quem sabe, trazidos pelos carros,

Carruagens vestidas de lata onde homens jazem

Escondidos, reflexos de outros já mortos e

esquecidos.

Um fragoroso céu iluminado por luas.

Um caminho proibido, além de mim o fervor

Realinhado, desenhado em meu rosto rendido.

Anos decorreram e não aprendi como escapar

Das sombras, das trincheiras

e dos minutos.

www.quintaldaruaacre.blogspot.com