CANTEIRO DE OBRAS
* Dedicado a arquiteta Júlia.
Sem paredes
faz curva no desentendimento
a planta do destino;
faz casas velhas,
portas ruídas e
ruídos de ausência
no mesmo espaço do nada.
Têm ângulos descompassados
e não ganha elogios
na novidade de cada prédio.
O coração é um pedaço do olho.
Tijolo, pedra, tripés:
“Fermitas, utilitas, vermustas”.
Formar-se é estacionar interiores
no carro em movimento.
Um beco nos reside.
Computadores nos programam.
Pranchetas são sorrisos românticos
abandonados no céu da boca.
Moderno é apenas uma letra esquecida no amanhã.
Aguarda-nos o design de nós mesmos.
Restos são andaimes que a vida oferece.
Arquitetos
casam becas para desentender o mundo
e construir o homem.
Uma sombra conhece a luz
que ilumina as formigas.
O banco vale mais do que a praça.
e escolhas são abandonos que fazemos.
Ensinar
é desaprender a vida.
Campo Grande – MS.
06/03/2007
22h:10min.