GUERRA SANGRENTA
Namorei uma morena
Era a mais bela pequena
Que havia no sertão.
Cheios de contentamento,
Marcamos nosso casamento
Pra noite de São João.
Ansiosos de alegria,
Esperamos o grande dia
Que não tardou a chegar.
Nós casamos na capela,
Bem feliz junto dela
Num ranchinho fui morar.
Algum tempo se passou,
Nossa alegria aumentou,
Quando um filhinho nasceu.
Recebemos com alegria,
A criança que nascia,
O presente que Deus nos deu.
Depois de um ano passado,
Pulava por todo lado,
Era travesso e esperto.
Cheio de muita alegria,
Aos meus braços corria
Quando eu estava perto.
Abraçava-me com carinho,
Dava-me muitos beijinhos
Como prova de afeição.
Dizia que nos estimava,
Porque nós lhe cuidava
Com muita dedicação.
Um dia voltei da roça,
Na minha velha palhoça
Comecei a descansar.
Um estranho camarada,
Lá na encruzilhada
Começou a me chamar.
Fui ver o que era
E eis que meu coração desespera
Ao saber que não podia escapar
Daquele triste mensagem
Que marcava minha viagem,
Pra ir na guerra lutar.
Na hora da despedida,
Minha esposa querida,
Quanta lágrima derramava!
Abençoei meu filhinho
E segui o meu caminho,
Sem saber se um dia voltava.
Lá na batalha de guerra,
Da minha querida terra,
Recebi um telegrama
Que revelava a triste verdade:
- “Morreu de tanta saudade,
A criança que você ama!”
Com o coração ferido,
Rezei ao filho querido
Que foi pra junto de Deus.
E eis que a guerra se encerra,
Voltei pra minha terra,
No velho ranchinho meu.
Encontrei ele fechado,
Muito triste abandonado,
Sem ninguém pra lhe cuidar.
Julgando que seu marido
Na guerra tivesse morrido,
Ela foi pra outro canto morar.
A guerra sangrenta me fez no mundo,
Um sonâmbulo vagabundo
Sem destino a caminhar,
Maldizendo a triste sorte,
Aguardando que a morte
Venha logo me buscar.