Penso em ti.
Pé ante pé,
na cozinha.
Tua coxa
junto da minha.
Nós dois assim
“de conchinha”.
Mas não.
Olho a porta
e quem ali aporta
são os fantasmas de ti.
Entre um café e outro
eles sempre voltam aqui.
Gargalham e zombam
desse meu fingir
não mais te querer.
No vazio do meu riso
ainda te exorcizo,
disfarçando medo
nesse engano ledo.
Os vultos teus na sala
são os anfitriões
dessas madrugadas
de tantos senões.
Minhas canções mudas
são a trilha perfeita
da verdade refeita
de não te esquecer.
Lá vem eles!
Os fantasmas de ti
que fazem a festa.
E o que me resta?
Enfrentar
meu coração bandido
ou me dar por vencido?