ADVENTO

Quando chegardes

Não precisas baterdes à minha porta:

Toma na tua mão a maçaneta

Abra e entre.

Respire o ar de saudade

Que habita cada vão da velha hospedaria.

Sente-se por uns instantes

Ao meu lado, silenciosamente...

Quando chegardes

Não precisas nem mesmo me saudar:

Toma nos teus lábios o meu silêncio

E ria do meu pranto de ventura

E aperte-me junto ao teu peito

Com a nostalgia daqueles

Que se permitiram

Envelhecer.

E quando então chegardes

Eu haverei de sepultar as minhas dores

Com a mesma esperança que habita nas crianças

Que esperam da noite apenas o advento de um novo dia.

E chorarei as minhas últimas lágrimas

(aquelas que eu guardei somente para esse dia)

E antes que a noite e o frio

Novamente caiam sobre nós

Eu terei sido feliz.

Bem feliz.

Marcos Aurelio Paiva
Enviado por Marcos Aurelio Paiva em 25/08/2005
Código do texto: T44932