ADVENTO
Quando chegardes
Não precisas baterdes à minha porta:
Toma na tua mão a maçaneta
Abra e entre.
Respire o ar de saudade
Que habita cada vão da velha hospedaria.
Sente-se por uns instantes
Ao meu lado, silenciosamente...
Quando chegardes
Não precisas nem mesmo me saudar:
Toma nos teus lábios o meu silêncio
E ria do meu pranto de ventura
E aperte-me junto ao teu peito
Com a nostalgia daqueles
Que se permitiram
Envelhecer.
E quando então chegardes
Eu haverei de sepultar as minhas dores
Com a mesma esperança que habita nas crianças
Que esperam da noite apenas o advento de um novo dia.
E chorarei as minhas últimas lágrimas
(aquelas que eu guardei somente para esse dia)
E antes que a noite e o frio
Novamente caiam sobre nós
Eu terei sido feliz.
Bem feliz.