Selva de Cactos

No sertão agreste

Secam as nuvens no céu

Azul

Arribam os pássaros

E suas canções

Os romeiros e suas orações

Morrem de sede as cacimbas

Os açudes

E o rio de olhos verdes

As espigas de milho

As lágrimas dos espantalhos

A flor quase fruto nos galhos

Sedentos

O mugido do gado

E seus rebentos

O córrego que corre

Nos teus músculos

Os minúsculos grãos plantados

Pela enxada

Secou também teu coração

Enchendo de espinhos

De cactos

Esta tez de areia do sertão

O orvalho das pétalas

Da rosa

Deixando o olhar de puro

Horizonte

E sem nenhuma esperança

Apenas um vento seco

Rodopiando

Esta seara onde a noite

A lua vem relembrar o tempo

Em que havia cantigas

E viola

E o amor era rimado

Com amora

Luiz Alfredo - poeta

luiefmm
Enviado por luiefmm em 01/12/2013
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