Meu quase último poema


Fui impregnando minha xícara
De chá
Com os músculos do mate
Com as artérias do quentão
Fui colocando nela o hálito
Das madrugadas poéticas
E colocando nos seus pensamentos
Minhas duvidas metódicas
Minhas metafísicas
Meus sentimentos
Enquanto fumegava em minhas
mãos
 
 
Uma dose de estrelas parnasianas
Um gole de luar com o olhar
Os lábios nos beijos da hortelã
Acordes de um violão
Um gole quente na língua
Impronunciável
Agradável aroma entre as narinas
Um poema haicai
Uns versos entre os dentes
 
Impregnei minha xícara
De chá
Com aromas de jasmim
Canela capim santo
Ipê-roxo
Tantas flores assim
 
Hálitos de beija – flores
Alcalóides proibidos
Perfumes de alecrim
Cogumelos prismáticos
Enigmáticos pensamentos
 
 
Dizem que quando morri
Ela morreu de saudades
Por mim
E parou de fumegar...
 
         Luiz Alfredo - poeta
 
 
 
 
luiefmm
Enviado por luiefmm em 04/12/2013
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