VERSOS ANCESTRAIS

Malhadinha terra nobre

Berço do meu coração

Da velha casa querida

Eu tenho recordação

Foi nesse lar antiquado

Que pesquisara o tratado

Sobre versificação

Daquele alpendre comprido

Eu fitava o campo lindo

Quando o cachorro ladrava

Eu despertava sorrindo

Nesse lindo ambiente

Fiz meu primeiro repente

Na sombra do tamarindo

Naquela casa antiquaria

Muita gente morou nela

Meu belo progenitor

Já foi também dono dela

Depois tudo ali findou

A relíquia de meu avô

Virou tremenda querela

No velho banco de pau

Eu dedilhava a viola

Lera José de Alencar

No currículo da escola

Minha paixão ancestral

Tinha o vínculo rural

Do povo da fazendola

Naquela casa vetusta

Eu passara a mocidade

Lendo conceitos históricos

Da minha ancestralidade

Nesse velho solarengo

Eu li sobre meu avoengo

Minha originalidade

Daquela casa paterna

Só resta grande ternura

Meus avoengos morreram

Papai jaz na sepultura

Agora seremos nós

Que iremos calar a voz

Diante de tanta amargura

Dessa família vetérrima

Eu sou também um rebento

A família Santiago

Meu velho tronco portento

A minha mãe verdadeira

Vem da família Oliveira

Outro povo de talento

Nesse poema ancestral

Eu expus minha saudade

Da casa velha paterna

Que passara a mocidade

Só resta meu tamarindo

Como criança sentindo

A minha infelicidade

A minha estirpe paterna

Promana de Portugal

Da velha família Ibérica

Procede o nosso ancestral

Porém a gente Oliveira

Tenha a marca da bandeira

De cunho Nacional

E desse hibridismo atávico

Brota a minha inteligência

Um repentista letrado

Cantando a luz da ciência

Um gênio no anonimato

Desse mundo timorato

Que nega a santa prudência

Naquela casa morei

Trinta e três anos de idade

Mamãe também morreu nela

Ainda bem na mocidade

Essa mãe boa e legítima

Me deixara como vítima

Da negra sociedade

Naquela rude vivenda

Tive uma infância mimada

Ao lado de Mãe Zefinha

Minha tia consagrada

Como toscos rega-bofes

Ofereço essas estrofes

Pra quem me vê como nada

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 16/12/2013
Código do texto: T4614149
Classificação de conteúdo: seguro