Um Silva após a chuva

Se a luta corporal o fez

um Bruce Lee não de cinema,

mas das brigas reais

com unhas aparadas e sem

esporões escondidos

nos calcanhares

de Aquiles.

Se o fez:

estupendo colosso

do Ultimate Fighting

contra homens de ferro

do continente americano

e os de onde o sol se põe,

ou sparrings aprendizes.

Seus socos e pontapés

de as nossas fraquezas

nos redime a todos;

técnica, resistência –

o perseverar na luta com

saberes só seus

de golpes absorver

e forte ser uma

alma encorpada

na perspectiva

de não arrefecer na derrota

a todos inevitável;

porém tantas vezes

tornada derrota reversível.

Digo como Fernando pessoa

escreveu uma vez:

Nunca soube entre meus amigos

quem já tivesse levado porrada.

Exceto Anderson Silva;

ao nos dar um corpo à água amoldado:

resistente a quase todas pedreiras

por onde desferiu seus golpes,

depois das chuvas de vitórias

nos deixadas como

inefável legado,

antes de a fratura

na tíbia na luta

contra o novo

campeão Chris Weidman .

Silva, espero não

lute mais; não o

precisamos como

outro Ayrton Senna.

E há quem, contra o pensamento de

João Cabral de Melo Neto, não ache

no automóvel a morte, e só o glamour

desde o grand finale de James Dean;

não, não queremos seu The end;

só seu permanecer no tempo

e o reconhecimento dos muitos

brasileiros humildes em combates;

sem sonhos com carros de corrida

ou cultura narcísica de saber de cor

todos os cantos de Ezra Pound;

brasileiros pela não violência

na luta pelo pão ossudo ruído a cada

noite; no sono profundo sem ruminações

de quem sabe que a vida não é apenas

vencer, vencer, vencer, mas sim ter

lutado dentro de si mesmo a vitória.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 31/12/2013
Reeditado em 31/12/2013
Código do texto: T4631302
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.