Um soneto interminável


Um cigarro fumegando
No cinzeiro
Uma xícara de café fumegando
No pires
Um tablete de chocolate
Mordicado
Uma lapiseira sonolenta
Num tinteiro
Um vinil na vitrola
Rola um fado
Insano lusitano profano
E um soneto que espia
Na máquina negra
De datilografia
Sua última estrofe
Soluça
Esfria
Balbucia
Pelo último verso
Do último terceto incompleto
Que o coração do poeta
Não terminou
Porque a aurora adentrou
Pelos poros da cortina
Abafando a tênue chama
Da lamparina quase sem querosene
E as pálpebras do poeta sonolento
Entre os sonhos
E as vertigens...
 
 
                 Luiz Alfredo- poeta
 
luiefmm
Enviado por luiefmm em 10/01/2014
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