Traição 
Por carlos Sena



Trocou o nome dela na hora agá.
Tirou da lapela 
a figura escondida na clandestinidade 
e jogou na cara a entretela submissa 
da traição.
Trocou o nome dela
mas não se trocou.
Trocou a fivela
mas o cinto não trocou e,
assim, ficou fivela nova  em cinto velho.
Depois, 
cinto novo em fivela velha
valerá saber sem desespero
que quem trai
se trai a si mesmo...
Porque o prumo da vida é oco
e dela nem sempre se quer justiça,
tão-somente o troco.