Poema para Corbélia
Ah, Corbélia, que coração grande tens
para tão grandes vaidades,
cabelos impecáveis mas por dentro destruída.
Poderias andar com teus cabelos despenteados,
mas tuas ruas bem calçadas e teus prédios de bem!
Com gente bem habitada.
Mas não.
O teu motor, os homens públicos,
tenham talvez baixa visão, a maior parte deles,
não te enxerguem visionária, futura.
Enxergam só a eles mesmos nela toda
como se toda ela fosse um espelho deles
e estivesse a serviço deles!
Não chegam nem a sonhar de noite, acho eu, pois
não vejo nem um mínimo resquício
daquele grande desejo
utópico
conquistador
de verdadeiros fundadores
mergulhados em promessas de conquista
de grandeza
de expansão
de mansidão.
Quando pensam grande,
pensam em matérias de jornal compradas,
em maquilar,
em aparência só.
Porque não na cidade,
que padece.
Não nos seus bairros descontentes,
não nos distritos e localidades abandonados,
não pensam no seu povo,
dividem o seu povo,
põem pedágio entre seu povo
e estigmatizam contra ou a favor, como se ser cidadão
dependesse de partido político e bandeiras!
Pensam em política.
Pensam em comissionarem-se entre si.
Pensam em si.
Ah, Corbélia,
esqueces da essência maior do ser humano:
a humanidade.
Esqueces que manilhas, postes de luz,
árvores de sombra
e limpeza pública, e também flores de todos os lados
é que marcam teu nome, Corbelha!
Esqueces que és uma flor
e que teu povo é como abelhas [corbelhas]
que haveriam de viver-te em colmeias
de união
havendo mel em demasia,
não demagogia,
não corrupção!